CARTA DE OURO PRETO 2022 [PT] / [ES]

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XIV Fórum da Rede KINO – Rede Latina Americana de Educação Cinema e Audiovisual

“Vamos falar sobre essa presidência, para o meu povo só traz violência”, cantou Daniel Damas, jovem negro, Mc, estudante e aluno de um dos vários projetos apresentados nesta edição dos encontros KINO, ecoando a voz de muitos povos indígenas que estiveram reunidos na 17ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, 14ª Fórum da Rede KINO – Rede Latina Americana de Educação Cinema e Audiovisual.

As ressonâncias da violência podem fazer um corpo arder em ódio, um ódio genuinamente expresso por Johnn Nara Gomes, que ao exibir o filme-luto Ava Yvy Vera na  17˚ Mostra de Ouro Preto vivia um novo luto pelo assassinato de parentes Kaiowá acontecido às vesperas desta Mostra Homenagem. Um ódio, portanto, que não precisa de um pedido de desculpas, porque é a potência desse corpo afetado que reage, cria, se faz coletivo e compartilha modos de vida que resistem e lutam para existir.

As imagens dos filmes assistidos e dos projetos educativos apresentados nos colocaram diante de modos diversos do cinema funcionar no encontro com situações formativas, apontando a pertinência do plural, CINEMAS e EDUCAÇÕES, para aquilo que emerge como práticas e experiências, como imagens e sons, como montagens e políticas.

Contagiados por essas forças, os encontros da KINO desta edição – compostos por pessoas e filmes indígenas, brasileiros, argentinos, peruanos e bolivianos – nos permitiu reconhecer a potência da rede na conexão de nossos trabalhos e lutas, bem como propor uma coordenação latino americana e um programa de ação da Rede KINO, sintetizado nos seguintes pontos:

  • Mapear obras audiovisuais e difundir o Acervo Audiovisual Escolar Livre, criando percursos pedagógicos, permitindo que o cinema realizado na América Latina, em suas diversas matrizes, contextos, línguas e formas de expressão, possa ser partilhado em todos os espaços-tempos de educação, legendados e dublados para favorecer a acessibilidade com todas as formas de tecnologias assistivas.
  • Colaborar com a transformação do imaginário colonizador historicamente instaurado e dar lugar à diversidade pluricultural que constitui nossos povos, por meio da difusão de seus filmes nas escolas e universidades. Filmes que expressam alternativas ao projeto capitalista global e se efetivam como documentos fundamentais para a preservação e transmissão da memória dos nossos povos.
  • Fortalecer a produção acadêmica do campo da educação, cinema e audiovisual, demonstrando a singularidade do pensamento latinoamericano e construindo novas  alianças entre educadores dos diferentes níveis de ensino, com o intuito de forjar novos horizontes teóricos e conceituais, e outras epistemologias.
  • Construir Grupos de Trabalho para retomar, institucionalmente, a discussão de políticas públicas para a educação, cinema e audiovisual, como a regulamentação da Lei 13.006/14, assim como a regionalização de programas de cooperação nos níveis municipal, estadual e federal.
  • Ampliar a circulação dos projetos ligados à Rede Kino e de seus integrantes, permitindo um intercâmbio entre as universidades, grupos de pesquisa, escolas, metodologias, saberes, imagens e sons, dando a ver a amplitude da rede e das ações já existentes.
  • Expandir a atuação da Rede Kino ao articular os festivais e programas de cinema e educação na perspectiva de um pensamento que seja menos demarcado pelas fronteiras modernas definidas pelos Estados-Nação e mais orientado pelas alianças – culturais, políticas, institucionais etc – construídas a partir da própria capilaridade da rede.

Assim reafirmamos que o afeto da amizade como sustento inicial da rede torna-se seiva que se expande e frutifica no rizoma que a Kino é.

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“Hablemos de esta Presidencia, para mi pueblo sólo trajo violencia”, así cantó Daniel Damas, joven negro, Mc, estudiante y alumno de uno de los varios proyectos presentados en esta edición de los encuentros KINO, haciéndose eco de la voz de muchos pueblos indígenas que se dieron cita en el 17º Festival de Cine de Ouro Preto, 14º Foro de la Red KINO – Red Latinoamericana de Cine y Educación Audiovisual.

Las resonancias de la violencia pueden hacer arder un cuerpo de odio, odio genuinamente expresado por Johnn Nara Gomes, quien, al proyectar la película de duelo Ava Yvy Vera en la 17ª Mostra de Ouro Preto, vivía un nuevo duelo por el asesinato de sus “parientes” Kaiowá que tuvo lugar la noche anterior a dicho Homenaje. Un odio, por tanto, que no necesita disculpas, porque es justamente la potencia de un cuerpo afectado que reacciona, crea, se colectiviza y comparte formas de vida que resisten y luchan por existir.

Las imágenes de las películas exhibidas y de los proyectos educativos presentados, nos sitúan frente a diferentes modos de encuentro con el cine en situaciones formativas, señalando la pertinencia del plural: CINES y EDUCACIONES, para aquello que emerge como prácticas y experiencias, como imágenes y sonidos, como montajes y políticas.

Contagiados por estas fuerzas, los encuentros KINO de esta edición –integrados por personas y películas indígenas, brasileñas, argentinas, peruanas y bolivianas– nos permitieron reconocer el poder de la red para conectar nuestros trabajos y nuestras luchas, además de proponer una coordinación latinoamericana y un programa de acción de la Red KINO, sintetizado en los siguientes puntos:

  • Mapear obras audiovisuales y difundir una Colección Audiovisual Escolar Libre, creando trayectos pedagógicos que permitan que el cine realizado en América Latina – en sus diversas matrices, contextos, lenguas y formas de expresión – pueda ser compartido en todos los espacios/tiempos educativos, subtitulado y doblado para favorecer la accesibilidad a través de diversas tecnologías de asistencia.
  • Colaborar con la transformación del imaginario colonial históricamente establecido y dar paso a la diversidad pluricultural constitutiva de nuestros pueblos, a través de la difusión de sus películas en escuelas y universidades. Filmes que expresan alternativas al proyecto capitalista global y se convierten en documentos fundamentales para la preservación y transmisión de la memoria de nuestros pueblos.
  • Fortalecer la producción académica en el campo de la educación, el cine y el audiovisual, demostrando la singularidad del pensamiento latinoamericano y construyendo nuevas articulaciones entre educadores de diferentes niveles educativos, con el fin de forjar nuevos horizontes teóricos, conceptuales y otras epistemologías.
  • Construir Grupos de Trabajo para retomar, institucionalmente, la discusión de políticas públicas de educación/cine y audiovisual, como la reglamentación de la Ley 13.006/14 en Brasil, así como la regionalización de los Programas de cooperación a nivel municipal, estatal y federal.
  • Ampliar la circulación de proyectos vinculados a la Red Kino y de sus integrantes, permitiendo el intercambio entre universidades, grupos de investigación y escuelas de metodologías, conocimientos, imágenes y sonidos, mostrando la amplitud de la red y de las acciones ya existentes.
  • Expandir el accionar de la Red Kino articulando Festivales y Programas de cine y educación desde la perspectiva de un pensamiento menos demarcado por las fronteras modernas definidas por los Estados-Nación y más orientado por alianzas – culturales, políticas, institucionales, etc. – construidas a partir de la propia capilaridad de la Red.

Así, reafirmamos que el afecto de la amistad, como sustento inicial de la Red, se convierte en savia que se expande y fructifica en el rizoma que es Kino.

XIV Foro de la Red KINO – Red Latinoamericana de Educación Cinematográfica y Audiovisual

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