Nesta tese, realizada nos marcos do Doutorado Latino-Americano em Educação, são analisadas as concepções e possibilidades concernentes às relações entre cinema e educação, contidas em discursos educacionais produzidos por intelectuais brasileiros e argentinos em dois momentos do século XX: de 1910 a 1940 e de 1990 a 2010. Primeiramente analisamos o discurso sobre educação e cinema nesses países, através de análise bibliográfica, enfatizando a realidade de um e outro país. Na sequência, elaboramos uma análise semelhante relativa ao período de 1990 a 2010. Para tanto, foram realizadas entrevistas individuais, semiestruturadas, com seis intelectuais da educação que discutem a relação cinema/educação, complementadas com levantamento e análise documental, extraindo elementos e categorias que salientaram em seus respectivos discursos educacionais. Concluímos que, no primeiro período investigado, a educação pelo cinema foi considerada uma novidade promissora em termos de recurso educacional, sendo que o cinema foi apreciado em termos educativos, em grande parte, por ser considerado um recurso didático tecnicamente eficaz para a transmissão de conhecimentos científicos considerados neutros, valores patrióticos e costumes civilizadores que poderiam ser mais facilmente memorizados e incorporados aos indivíduos. Quanto ao segundo período (1990/2010) constatamos, de modo geral, a presença de recomendações a fim de incentivar a presença de uma cinematografia variada nas salas de aula e atividades pedagógicas com filmes que procurassem favorecer a vivência de experiências mais abertas em relação à arte e menos restritas aos códigos das práticas escolares tradicionais e uma grande preocupação com a formação docente, uma temática destacada e recorrente nos enunciados de 1990-2010, que defendem enfaticamente a formação de professores como uma estratégia fundamental para a efetivação dos projetos de educação cinematográfica.
Fora do quadro: discursos sobre educação e cinema (Argentina e Brasil- 1910/1940 e 1990/2010)
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